Encontro será neste domingo no Palácio do Planalto. Operação Carne Fraca, da PF, que revelou fraude na produção e comercialização, gera desconfiança de consumidores e ameaça exportações.
G1.com:
Em uma reunião de emergência, o presidente da República, Michel Temer, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, e representantes do setor agropecuário vão debater neste domingo (19) medidas para enfrentar a crise da carne, gerada pelas revelações da Operação Carne Fraca.
Entre os convocados para a audiência no Palácio do Planalto, estão os presidentes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Antonio Carmadelli; da Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra; e da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), João Martins.
De acordo com o Ministério da Agricultura, o objetivo da reunião, que acontecerá no período da tarde, é elaborar ações para trazer “maior segurança” aos consumidores nos mercados interno e externo e, também, avaliar a extensão dos problemas denunciados no âmbito da Carne Fraca.
Depois do encontro, Temer e o ministro da Agricultura podem receber representantes da União Europeia para discutir o tema. Na próxima segunda-feira (20), outro encontro está agendado: uma reunião, também no Palácio do Planalto, com embaixadores de países importadores da carne brasileira.
Segundo o Ministério da Agricultura, o Brasil exporta carnes para cerca de 160 países. O governo brasileiro está receoso com a possibilidade de fechamentos de mercados após a revelação das irregularidades.
Vários importadores da carne brasileira já cobraram explicações sobre as descobertas da Operação Carne Fraca.
A operação
Deflagrada nesta sexta-feira (17) pela Polícia Federal, a Carne Fraca investiga fraudes em carnes produzidas por 21 frigoríficos, vendidas no Brasil e no exterior.
A operação atingiu algumas das principais empresas do setor, como a BRF, que controla a Sadia e a Perdigão, e a JBS, responsável pelas marcas Friboi e Seara. Os grupos garantem a qualidade de seus produtos.
Segundo a Polícia Federal, fiscais do Ministério da Agricultura recebiam propina para liberar licenças sem realizar a fiscalização adequada nos frigoríficos.
A investigação indica que eram utilizadas substâncias químicas para maquiar carne vencida, e que água era injetada nos produtos para aumentar o peso.
Durante a operação, a Polícia Federal prendeu 36 pessoas até a noite deste sábado (18). Dois suspeitos estão foragidos.
Além das prisões, a Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 1 bilhão das contas bancárias das 46 pessoas investigadas, e o Banco Central informou o bloqueio de pouco mais R$ 2 milhões.
Já o Ministério da Agricultura anunciou que 33 servidores da pasta foram afastados em decorrência da investigação. A pasta também interditou três frigoríficos, localizados em Goiás, Santa Catarina e Paraná.
Fiscalização ‘rigorosa’
Em resposta à Operação Carne Fraca, o Ministério da Agricultura classificou neste sábado as irregularidades envolvendo 33 servidores da pasta como “pontuais” e afirmou que o Serviço de Inspeção Federal do Brasil é um dos “mais eficientes e rigorosos do mundo”.
O Ministério declarou ainda que o sistema de proteção e fiscalização está funcionando "plenamente" e serve de garantia ao consumidor "da qualidade dos produtos de origem agropecuária" no Brasil.
Outras reuniões
O domingo não vai ser movimentado apenas no Palácio do Planalto. Já pela parte da manhã, técnicos do Ministério da Agricultura realizarão audiências internas para encontrar soluções que possam diminuir os impactos da Carne Fraca nos mercados interno e externo.
Em outra reunião, por volta de meio-dia, o ministro Blairo Maggi – que por causa da crise cancelou uma licença que tiraria nos próximos dias – receberá os relatórios produzidos pela equipe técnica do Ministério.
Os documentos também deverão ser discutidos na audiência da tarde no Palácio do Planalto com o presidente Temer.
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